terça-feira, 1 de abril de 2008

A notícia como espetáculo


Por Indyra Tomaz

Sentem, peguem a pipoca e fiquem bastante à vontade que o espetáculo vai começar. Não é uma peça de teatro, nem um grande filme com bilheteria estourada. Mas sim as notícias veiculadas pelos meios de comunicação, principalmente nos programas policiais, o "jornalismo" que usa do sensacionalismo como a sua maior base de informação. O objetivo dessa comunicação é alcançar um grande índice de audiência. As boas condutas de um bom jornalismo, informativo e crítico, não são lembradas em momento algum. E uma pergunta fica explícita: até que ponto o jornalismo segue a tendência de supervalorizar as notícias de impacto, ao invés de informar o público com responsabilidade?

A competição pela audiência é a resposta que melhor se encaixa para a pergunta anterior. As grandes organizações noticiosas , sempre divulgando fatos que chocam, boletins de crimes, divórcios, assustam a população e, principalmente, deixa o público empolgado. Parece bastante estranho e contraditório o efeito das notícias sensacionalistas, mas é exatamente medo e prazer o que esses fatos provocam no público. Os profissionais de jornalismo acabam sendo tomados pelo condicionamento competitivo que as empresas impõem com seus objetivos lucrativos, em vez de boa informação.

Sangue, sexo e violência são os produtos que mais vendem e chamam atenção do público. Parece incrível, mas esses são pontos que têm mais audiência nas programações, principalmente na televisão. Senso crítico e responsabilidade nas informações não se enquadram na produção de notícias tão apelativas. O objetivo é transformar a realidade. Formular conceitos sobre os assuntos mostrados , deixar claras as opiniões dos jornalistas. A partir daí, o telespectador já recebe o " pacote" pronto. O jornalista, principal responsável na construção da notícia, manipula e informa como convém a si e a empresa que trabalha o conteúdo da sua notícia.

O exagero, as cenas emocionantes, o excesso de improvisação, o coloquialismo, a capacidade de chocar e entreter, reduzem a qualidade da informação. Quanto maior e cruel as imagens o espetáculo é garantido. Mas, com tanta preocupação em conseguir audiência, os grandes meios de comunicação parecem esquecer que: fatos como esses diminuem a credibilidade do jornalista e do veículo.

A mídia eletrônica é de origem pública e deve ser organizada com a preocupação de informar, formar e construir uma visão crítica sobre os fatos que cercam a sociedade. A informação, sendo o maior instrumento do jornalista, tem que ser planejada e chamar atenção do público. Porém, o excesso de conteúdo não é recomendável para a formação do bom jornalismo.